Graffiti em Gaia homenageia enfermeiros que combatem pandemia

No Instagram recebe o título de "Anjos na terra" refere o número de casos e óbitos mas também a remuneração de um enfermeiro à hora: 7 euros.

É precisamente uma enfermeira que o graffiti retrata. Chama-se Sofia e trabalha no Hospital de S. João, no Porto, podemos ler na descrição. “Foi infectada em março com a covid-19 não num restaurante ou num bar, não num convívio com amigos ou num evento cultural ou desportivo, mas a exercer as suas funções”. Sem ter “a sorte de ser assintomática, esteve infectada dois meses e enfrentou semanas longas e duras de recuperação das suas totais capacidades”, descreveu Mr. Dheo.

Agora, Sofia está “nas unidades de doentes com covid-19 e de medicina, mas vestida com uma farda azul, novamente do lado de quem cuida e ajuda o próximo tantas vezes no limite da exaustão, tantas vezes prescindindo de coisas básicas que nós – do lado de cá – damos todos os dias como garantidas. A enfermeira Sofia, como tantas outras Sofias, fará – só este mês e entre outros – sete turnos de 18 horas seguidas. Ganha 7€ à hora”, denuncia Mr. Dheo, terminando a mensagem com uma “sincera homenagem” aos profissionais de saúde: “Obrigado enfermeira Sofia, obrigado a todas as Sofias”.

Em entrevista ao JN, o artista destapou um pouco mais o objetivo da obra, que mais do que uma homenagem deve servir também como uma “reflexão” sobre as condições atuais dos médicos e enfermeiros que enfrentam a pandemia. “Lido de perto com profissionais de saúde e isso dá-me uma perspetiva mais clara quer da realidade que todos vivemos quer daquilo que eles vivem diariamente a vários níveis. Achei que faria sentido homenageá-los, numa fase extremamente complicada em que muitos de nós acabamos por depender deles direta ou indiretamente”, explicou Mr. Dheo, alertando para o facto de ser “necessário” refletir sobre as “suas condições de trabalho, sobre a forma como muitas vezes são tratados, sobre os seus salários, sobre a sua verdadeira importância”.

“Este trabalho foi a minha forma de procurar dar-lhes o reconhecimento que eles merecem mas também de alertar para esta problemática. Foi o meu “muito obrigado” da melhor forma que o sei fazer”, revelou o artista ao JN.

 

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