Bolsistas de investigação científica protestam pelo prolongamento das bolsas em Lisboa

Cerca de três dezenas de bolsistas de investigação científica protestaram hoje, em frente ao Ministério da Ciência, em Lisboa, a favor do prolongamento do prazo de todas as bolsas em três meses e em maior duração nos casos aplicáveis.

O segundo confinamento devido à pandemia de covid-19, que marcou o começo de 2021, atrasou o trabalho científico dos investigadores bolsistas, que após reuniões com o ministro da Ciência, Manuel Heitor, ficaram a aguardar pelo alargamento da prorrogação das bolsas que ficou acordado em maio.

Segundo a presidente da Associação dos Bolseiros de Investigação Científica (ABIC), Bárbara Carvalho, a garantia que tinha sido dada não se concretizou e para surpresa da associação o Governo optou por anunciar um despacho a prever bolsas extraordinárias para os bolseiros diretamente financiados pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia(FCT).

“Pensando nos números dados pelo senhor ministro, neste momento existem cerca de 8.000 bolsistas diretamente financiados pela FCT que correspondem a 60% do total de bolsistas no país, o que deixa de fora cerca de 5.300 pessoas”, afirmou a presidente da ABIC.

Além da exclusão de quase metade dos bolsistas, a líder da ABIC apontou que há ainda outro problema: “o próprio mecanismo em si não é automático, como foi no ano passado, é um processo excessivamente burocratizado que vai excluir e vai deixar de fora muitas pessoas”.

Presente no protesto, o estudante bolseiro de história contemporânea na NOVA FCSH João Santos, que viu a sua investigação atrasada, considerou que o alargamento do prazo da bolsa não resolverá o problema, mas “compensará minimamente aquilo que ficou em atraso devido à pandemia”.

“É, sobretudo, uma questão de justiça, na medida em que não conseguimos realizar os nossos trabalhos, ficámos limitados. As nossas bolsas vão terminar em breve e não temos como terminar sem financiamento, porque precisamos de pagar as contas”.

Além da prorrogação do prazo das bolsas, a ABIC luta pelo fim das mesmas e pela integração na carreira de investigação científica.

“Investigação confinada, bolsa prorrogada”, era a principal palavra de ordem dos manifestantes.

A ABIC organizou hoje outros protestos idênticos no Porto e em Coimbra.

O lançamento do regulamento do despacho, que prevê bolsas extraordinárias para os bolsistas diretamente financiados pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia(FCT), está previsto para amanhã.

Foto: Lusa

Fechar

Adblock Detectado

Considere nos apoiar desabilitando o bloqueador de anúncios