Autobiografia de Ai Weiwei aborda 100 anos de vida de artista e do pai

A autobiografia do artista chinês Ai Weiwei, a ser publicada a nível internacional no dia 02 de novembro, vai abranger 100 anos de vida de si próprio e do pai, o poeta Ai Qing.

“O meu pai nasceu em 1910, o meu filho em 1999. A minha autobiografia cobre duas gerações de poeta e artista e do que enfrentaram na China. E toda a luta na China”, disse o artista, em entrevista à agência Lusa, no Porto, dias antes da inauguração da exposição “Entrelaçar”, no Museu de Serralves.

Em Portugal, a Objectiva, do grupo Penguin Random House, vai acompanhar o lançamento editorial da obra a nível internacional, com a publicação de “1.000 Anos de Alegrias e Tristezas”, a acontecer também no dia 02 de novembro.

Num texto divulgado aquando do anúncio da publicação do livro, Ai Weiwei explicou que a ideia para a autobiografia surgiu durante os 81 dias em que esteve detido na China, em 2011: “Ao longo dessas semanas intermináveis, pensei muitas vezes no meu pai, poeta, que tinha sido exilado no decorrer da campanha anti-direitista de Mao Tsé-tung. Percebi que pouco sabia sobre o meu pai, mas que era grande a minha mágoa pela distância intransponível que acabou por nos separar”.

“Não quis que o meu filho sentisse a mesma tristeza, por isso, decidi que, se fosse libertado, escreveria tudo o que sabia sobre o meu pai e contaria ao meu filho, com honestidade, quem eu era, o que é a vida e porque é tão preciosa e por que razão a autocracia tanto teme a arte”, afirmou o artista, agora residente em Portugal.

À Lusa, o artista, que a partir de sexta-feira contará com duas exposições em Portugal (uma em Serralves e outra na Cordoaria Nacional, em Lisboa), disse esperar apresentar uma “resposta honesta” e um registo do que atravessou ao longo dos anos.

Sobre o título, Ai Weiwei explicou que a alegria e a tristeza são duas metades do mesmo corpo, sendo que, infelizmente, a maioria das pessoas experiencia mais tristeza do que alegria, apesar de essas tristezas advirem do “desejo pelas alegrias”.

“Nas suas memórias, Weiwei descreve uma infância no exílio e conta-nos a difícil decisão de abandonar a família para ir estudar Arte nos Estados Unidos, onde se tornou amigo de Allen Ginsberg e encontrou em Marcel Duchamp e Andy Warhol uma inspiração. Com honestidade e sageza, descreve o seu regresso à China e a sua ascensão de artista desconhecido a estrela da cena artística internacional e ativista pelos direitos humanos”, salienta a editora.

Nascido em 1957, em Pequim, na China, Ai Weiwei é filho do poeta Ai Qing (1910-1996), um dos maiores nomes da poesia do país, que estudou em Paris na década de 1930, fez parte do movimento comunista de Mao Tse-Tung, tendo sido preso pelo governo nacionalista e, anos mais tarde, mandado já pelo governo comunista para um exílio de 20 anos, que só terminou com o fim da Revolução Cultural.

A exposição “Entrelaçar” vai estar aberta ao público no Museu de Serralves a partir de sexta-feira, até dia 05 de fevereiro do próximo ano, enquanto as peças expostas no Parque de Serralves vão ser exibidas até 09 de julho de 2022.

Em Lisboa, a exposição “Rapture”, inaugurada no passado dia 04 de junho, na Cordoaria Nacional, tem data de encerramento marcada para 28 de novembro.

Foto: Lusa

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